Saturday, March 10, 2007

Prefácio

De: Marília Passos
Quem leu: a própria

Não quero limites ou fronteiras, tentar sorrisos, ser conceitos. Dizer inteiro, sonhar tão pouco, dormir tampouco, quero ser brisa, quero silêncio, sem intento, verdades em partes, repartes comigo, sem seres abrigo, te peço um segundo e peco, um mundo, mas seja.

Que seja, eu seja, me beija, o agora demora: faça. Mas não faça, desfaça, pessoas troque, revolte, volte, toque, me veja, destrua, tão nua, se nua, tão seja.

Não quero o querer repetido, quero o início do que não veio, quero o abraço apertado não esperado, a palavra que em si surge, bonita. Se triste, que insiste,o insistir fato não mais, QUERO MAIS, QUERO MENOS.

Esperei o pôr-do-sol do domingo, tão lindo, ao teu lado, um encanto, tão tanto, o hoje, no entanto, é tamanho, sem limitações. Mão e luva, luva e mão, na canção, poesia; no meu dia, redenção. Amei a lua da semana, mas sempre um desencontro, certas coisas parece verei tão tarde, que invade, invade, não sei mais do querer.

Que mãe, quero mais, quero menos. Liberdade na ilusão, ilusão que em si não cabe, mas fale – cale -, declame, possessos leiamos, vivamos, sejamos, eu ao menos viver um tanto. Vir comigo querendo consigo, consigo outro céu outra lua outro sol outrossim, sem tu sem mim, sem eles: assim.

Pai, não é isso, tudo aquilo e nada disso, transbordo, transporto, transcendo, trazendo – um sempre – sorriso. Admiração, espanto, olhar o manto que parece encobrir. Encobrir o quê se tudo vago, até o fato, o fosco e o exato, o tanto O PARCO, vago, vaguidão: embriago, solidão.

Tantas coisas em minha cabeça, tantos tantos sem um lugar, tão lugares sem me saber e, me sabendo, o que fazer? Ai, que engano, tão vivo, meu tanto, meu sempre, meu sigo, AMIGO, por que vais? E, se vais, dorme cedo, é segredo, é paixão. Paixões não dormem cedo, É engano, dormem cedo e acordam cedo, um turbilhão, Juras, Precisas, Não.

Pensei, falei, provei, te dei, cantei, tomei, calei, mas calei porque calar é um canto-ponto. É uma aresta, como uma cesta e, se não me entendes, uma pena, já te quis de uma forma tamanha, Não mais, tu me perguntas, mas não te respondo, ao menos se digne a procurar uma resposta. Abra a porta, veja o que dizem, relute o que fazem, resista ao que tentam,

Não quero querer de velho, quero o novo, o estrondo, o sufoco, como um louco, um poeta, um possesso; o INVERSO de tudo e do verso; não me caibo, eu tão laico, quero TANTO. O querer que me liberta me sufoca, que escolha, quero todas. Vou viver, que a vida, não sendo isso, aquilo também não é.

Quero viajar e levar alguém no colo, quero um alguém que não seja mau, QUERO EU, quero quero, belo belo, será tenho tudo o que quero? E o Mestre não quero amar não quero ser amado, não quero combater não quero ser soldado: porque as leis não bastam, os lírios não nascem das leis.

Quero cada sorriso, quero cada criança ao cantar a esperança, quero a lágrima e a dança: poesia, teatro! Quero a exclamação, o diverso, cada linha, cada flor, cada vinha, cada amor. Quero a música o beijo, o silêncio o desejo, a ilusão! O sonho, o concreto, o etéreo, o bonito e o feio, o começo e o meio, desse jeito.

De outros jeitos, quero saber, dizer, perguntar: ajudar, ser bem simples, singular, complexo, sendo o caso, não ligo, ABSTRATO. Quero, sincero, inventado, criado, sozinho, derivado, original, animal, consciência: razão, plurivalência. Sentido, vivido, causado, sofrido, cessado, solvido, calado, sumido.

Quero o não-querer quando chorar faço. Se faço, um pecado, quero querer amar sem o efó, mas não posso, e é o que dói. Dói-me o limite, mas tento, INSISTE, quero mais, quero menos.

O infinito impreciso, escrever numa calçada, beijar o beijo que recebo sem ganhar, ganhar desejo que eu recebo sem falar.

Do infinito preciso, confesso, quero ler como um possesso – escrever, ainda mais - , quero tanto e quero tudo, só não quero é ficar mudo, desse jeito

Continuo.

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