Foi no sábado, dia 24/02/2007, mais um encontro literário Por MAIS Leitura que aconteceu no mesmo local e horários habituais.
De diferente, tivemos a grande quantidade de participantes (efeito da propaganda que o folder do Dragão do Mar nos presenteou e dos inúmeros convites e divulgação boca-a-boca de nossa querida Marília Passos) e as inspirações dessas pessoas, cada uma mais variada que a outra.
O encontro gerou bons frutos e belos textos. O tema dessa vez foi a roda de leitura de textos não-autorais e o resultado é o que segue:
1. Antes mesmo da roda de leitura começar, Ítalo Rovere recitou um poema seu: Esperar Esperança, declamado para uma platéia de 30.000 pessoas, num evento público em Fortaleza há mais de 10 anos atrás.
2. Lara e Ary narraram o conto As ruínas circulares de Jorge Luís Borges.
3. Levi leu o poeminha A bem amada na praia, do livro Preparativos de viagem de Mário Quintana.
4. Ítalo lembrou outro poema de Mário Quintana, que começaria com "Faça uma espaçonave e leve seu amor daqui".
5. Alan trouxe o seu livro de Contos Cruéis, do qual pescou o texto Morte do ator Rubem Brandão, de Moacir Scliar.
6. Bruno e Diogo interpretaram um trecho do roteiro As três moças de sabonete, de Herbert Daniel.
7. Lediana e Lara escolheram poemas do livro Como no céu/ Livro de Visitas de Fabrício Carpinejar. Os poemas do livro não têm título. Foram apresentadas as páginas 9 e 15, respectivamente.
8. Finalizando o encontro, Ítalo puxou pela memória um poema de Rodolph Lang que começava com: “eles estão jogando o jogo deles”. Logo em seguida declamou um poema de sua autoria que começava com “há qualquer coisa que não sou e pelo visto deveria saber”.
Nos posts abaixo, temos alguns dos textos apresentados no encontro.
Boa leitura!
Wednesday, February 28, 2007
Saturday, February 24, 2007
Fabrício Carpinejar
Quem leu: Lediana
Livro: Como no céu/ Livro de visitas
Texto: [Sem título] pág. 9
Ela escolheu envelhecer comigo
Pode ter sido compaixão pela
minha falta de jeito,
acaso ou um acidente
dos cabelos lisos.
Ela escolheu envelhecer comigo.
Pode ter sido amor,
simpatia ou alguma perda
fora de mim
que despertou suas perdas.
Pode ter sido a idade que pedia um marido,
sei lá, o marido pedia uma idade.
Ela escolheu e aqui fez sua noite.
Suas mãos se toldam em uma tenda
quando alivia minha barba
de outros odores que não o seu.
Livro: Como no céu/ Livro de visitas
Texto: [Sem título] pág. 9
Ela escolheu envelhecer comigo
Pode ter sido compaixão pela
minha falta de jeito,
acaso ou um acidente
dos cabelos lisos.
Ela escolheu envelhecer comigo.
Pode ter sido amor,
simpatia ou alguma perda
fora de mim
que despertou suas perdas.
Pode ter sido a idade que pedia um marido,
sei lá, o marido pedia uma idade.
Ela escolheu e aqui fez sua noite.
Suas mãos se toldam em uma tenda
quando alivia minha barba
de outros odores que não o seu.
Fabrício Carpinejar
Quem leu: Lara
Livro: Como no céu/ Livro de visitas
Texto: [Sem título] pág. 15
O mundo aparece demasiado explicado.
Teu jeito calado indica esperança,
mas quem diz que não é remorso?
Sou fiel aos hábitos; tu aos mistérios.
Não coincidimos nossa lealdade.
suporto, sobrevives.
O que adianta transbordar
se não dás conta do mínimo?
O que adianta me retrair
se não percebo o invisível?
Livro: Como no céu/ Livro de visitas
Texto: [Sem título] pág. 15
O mundo aparece demasiado explicado.
Teu jeito calado indica esperança,
mas quem diz que não é remorso?
Sou fiel aos hábitos; tu aos mistérios.
Não coincidimos nossa lealdade.
suporto, sobrevives.
O que adianta transbordar
se não dás conta do mínimo?
O que adianta me retrair
se não percebo o invisível?
Tuesday, February 06, 2007
Primeira leva de postagens: Encontro do dia 03 de Fevereiro
Aqui vai a leva de poemas(sim, porque dessa vez só tivemos poemas!) que foram lidos e discutidos na roda de leitura do Por Mais Leitura no último sábado. Serve aqui pra registro, tanto para quem não pôde ir poder ler quanto para quem quer ver de novo. Ah, e fora os poemas autorais, lemos alguns ótimos poemas do livro Nariz de Vidro, do Quintana. Com destaque para um poema metalinguístico, que o Quintana eu tenho certeza faria questão de postar para homenagear a exclusividade de poemas no encontro último.
OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mário Quintana
Aí seguem os textos lidos:
OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mário Quintana
Aí seguem os textos lidos:
Artista Autista
ARTISTA é aquele que, com suas mãos,
transforma a inspiração em
letras, cenas, cenários e coisas.
O ARTISTA canta para ser ouvido por todos.
Ele faz do mundo a sua moradia
AUTISTA é aquele que, sem usar as mãos,
transforma as letras, cenas, cenários e coisas
em sua própria inspiração.
O AUTISTA canta para ouvir-se internamente
Ele mora dentro de si mesmo
Tanta diferença!
O ARTISTA está livre
O AUTISTA é só
O ARTISTA é imortal
O AUTISTA já morreu faz tempo
E vive nos escombros de suas próprias paredes.
O ARTISTA destrói razões
O AUTISTA cria todas as outras.
Entretanto há algo em comum entre ambos:
Juntos se completam.
Sonham dentro desse paradoxo
Uma realidade que ambos querem alcançar.
Juntos amam tudo o que recomeça
O que se refaz
O que se reconquista
O que renasce
E se reintegra
E se reanima
Tudo o que é novamente novo
Juntos formam um só ser.
Um só poder de criação,
Um só perdão,
Um só coração.
Juntos vivem para transmitir
A mensagem que merece o seu nome:
“ESSE SOU EU
SOU UM ARTISTA AUTISTA!”
por Lediana Áquino
transforma a inspiração em
letras, cenas, cenários e coisas.
O ARTISTA canta para ser ouvido por todos.
Ele faz do mundo a sua moradia
AUTISTA é aquele que, sem usar as mãos,
transforma as letras, cenas, cenários e coisas
em sua própria inspiração.
O AUTISTA canta para ouvir-se internamente
Ele mora dentro de si mesmo
Tanta diferença!
O ARTISTA está livre
O AUTISTA é só
O ARTISTA é imortal
O AUTISTA já morreu faz tempo
E vive nos escombros de suas próprias paredes.
O ARTISTA destrói razões
O AUTISTA cria todas as outras.
Entretanto há algo em comum entre ambos:
Juntos se completam.
Sonham dentro desse paradoxo
Uma realidade que ambos querem alcançar.
Juntos amam tudo o que recomeça
O que se refaz
O que se reconquista
O que renasce
E se reintegra
E se reanima
Tudo o que é novamente novo
Juntos formam um só ser.
Um só poder de criação,
Um só perdão,
Um só coração.
Juntos vivem para transmitir
A mensagem que merece o seu nome:
“ESSE SOU EU
SOU UM ARTISTA AUTISTA!”
por Lediana Áquino
Dos quartos e Das penúmbras
Dos quartos e Das penúmbras olho languidamente;
Estática, vazia. Onde teus cílios já não mais me perfuram.
Mesmo quando o trem apita à meia-noite
ou o relógio badala o meio-dia;
-Meio-dia
-Meio-dia
-Meio-dia
-Meio-dia
-Meio-dia
Dos quartos e Das penúmbras,
encostada à parede,
trago a ausencia dos dias,
a ausencia de mim;
dos meus dias.
(Só no cair daentre-tarde-entre-noite
é que consigo juntar tuas bocas,
olhos e narizes, recortados e
espalhados pelo chão e teto.)
Dos quartos e Das penúmbras,
onde olho tuas fotografias que
descansam & dormem (cansadas)
pelo meu pisode azulejosbrancos.
por Jamile Fernandes Paiva
Estática, vazia. Onde teus cílios já não mais me perfuram.
Mesmo quando o trem apita à meia-noite
ou o relógio badala o meio-dia;
-Meio-dia
-Meio-dia
-Meio-dia
-Meio-dia
-Meio-dia
Dos quartos e Das penúmbras,
encostada à parede,
trago a ausencia dos dias,
a ausencia de mim;
dos meus dias.
(Só no cair daentre-tarde-entre-noite
é que consigo juntar tuas bocas,
olhos e narizes, recortados e
espalhados pelo chão e teto.)
Dos quartos e Das penúmbras,
onde olho tuas fotografias que
descansam & dormem (cansadas)
pelo meu pisode azulejosbrancos.
por Jamile Fernandes Paiva
Homem
Inédito:
Eis aqui o corpo e o sangue.
Exposto, erguido, pulsa
inteiro em iminência de combustão
profunda e espontânea.
Acorrentado em metros e metros de fios
ininteligíveis.
Se consome aos poucos e sem querer
reage
e quando quer não pode.
O maior espetáculo da terra
e único refúgio de tudo que não existe.
por Ary Salgueiro
resvaler
o sorriso opaco reflete
os estilhaços de uma fotografia amassada
olhos marejados
odor de máquina enferrujada
óculos empenados
aliança que tilinta e
escorrega
pelo ralo da pia
rotação em queda livre.
os eixos perderam-se
e o importante é permanecer.
por Thiago Fonsêca
os estilhaços de uma fotografia amassada
olhos marejados
odor de máquina enferrujada
óculos empenados
aliança que tilinta e
escorrega
pelo ralo da pia
rotação em queda livre.
os eixos perderam-se
e o importante é permanecer.
por Thiago Fonsêca
Nasce um blog!
Mas não só mais um blog. Não, não. Esse blog será o registro dos encontros do já quase histórico grupo de leitura Por Mais Leitura. Aqui serão postados, inicialmente aqueles textos que são lidos e discutidos na biblioteca leonilson, à cada quinze dias, no Centro Cultural Dragão do Mar. Separado do blog-mãe(www.pormaisleitura.blogspot.com), que se encontra um pouquinho parado mas logo volta a andar também. A postagem deverá ser mensal aqui, acompanhando os encontros autorais que vão ocorrer. Provavelmente vai acontecer o registro daqui que for lido nos encontros não-autorais, mas não os textos na íntegra.
Vamos lá :)
Vamos lá :)
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